Lançado em 2014 e produzido pelo Estúdio Japonês Madhouse, “Vingadores Confidencial” é um anime recheado de violência e para maiores de 18 anos, tendo como personagens principais a Viúva Negra e o Justiceiro.
Apesar da violência e das mortes em grande quantidade (estamos falando do Justiceiro, não poderia ser diferente), os produtores tomam o cuidado de quase não exibir sangue. Você vê o revólver sendo apontado para a cabeça de um oponente, ele dispara, mas o resultado não é mostrado, o que acaba não sendo relevante porque você sabe exatamente o que aconteceu.
Não se trata da primeira produção conjunta entre Marvel e Madhouse, o estúdio já havia produzido quatro séries com a mesma estética (Homem de Ferro, Wolverine, X-Men e Blade), além da animação “Homem de Ferro – A Batalha contra Ezekiel Stane” (Iron Man: Rise of Technovore no original).
Na trama, o justiceiro massacra diversos criminosos em um depósito, e acaba interferindo com uma operação muito maior da Shield, o que o coloca em rota de colisão com Nick Fury e a Viúva Negra.
Após ser preso e levado para dentro do Aeroporta-Aviões, o Justiceiro só aceita colaborar com as informações que possui se fizer parte da operação, fazendo com que ele e a Viúva Negra atuem lado a lado contra uma Organização Internacional conhecida como Leviatã, que conseguiu roubar parte da tecnologia na fabricação de armas da Shield.
O início é promissor, mas a história se perde rapidamente.
A Leviatã está desenvolvendo super soldados submetidos a lavagem cerebral e com força ampliada graças ao trabalho desenvolvido por Elihas Starr, um cientista que anteriormente havia trabalhado para a Shield e que tinha um interesse romântico por Natasha Romanoff (Viúva negra).
Vamos para a ideia mais absurda possível sobre como conquistar o amor de uma agente da Shield e membro dos Vingadores.
Starr não se sentia digno do amor da Viúva, uma vez que era apenas um cientista comum e não possuía super poderes.
Para conquistá-la, ele decide se aliar a uma organização terrorista, e com seu auxílio desenvolve um soro capaz de aumentar a força, além de um projeto para criar super soldados, que posteriormente serão vendidos para os principais vilões do planeta.
Ele usa o soro em si mesmo e vira braço direito do líder da Leviatã, tudo isso por amor, é claro, e porque agora com super poderes ele será aceito por sua amada.
Faz todo sentido, não é mesmo?
Há outros problemas que tornam o desenvolvimento da história difícil de engolir. Com a Shield frente a frente com uma ameaça global, porque não acionar os Vingadores, ao invés de enviar “apenas” a Viúva Negra e o Justiceiro, dois pesos penas quando comparados com Homem de Ferro e Thor?
A explicação é o temor de que a Leviatã, detentora de uma tecnologia capaz de dominar a mente, controlasse parte dos Vingadores, e os utilizasse para seus propósitos. A Shield poderia lidar com a Viúva ou o Justiceiro, mas não com Thor ou Hulk.
Seria aceitável, se pouco antes do confronto final com a Leviatã, o problema não fosse facilmente contornado através de um artefato desenvolvido por Amadeus Cho, que protege a retina de quem o utiliza (o controle mental ocorria através de uma luz intensa que atinge os olhos do alvo).
Sim, a Shield contava o tempo todo não apenas com Amadeus, mas com Tony Stark, dois dos maiores gênios mundiais na área de tecnologia, e não os acionou para tentar contornar a questão do controle mental que os impedia de utilizar os Vingadores.
Veja bem, gosto da ideia de utilizar personagens como Viúva Negra e Justiceiro, ao invés de seres capazes de derrubar prédios com um espirro, mas é preciso que haja uma premissa inteligente por trás de seu uso, e este não é o caso.
O forte são as cenas de luta, que são de encher os olhos, mas o roteiro compromete até mesmo nessa parte. Há mais de uma luta entre Frank e Natasha; na segunda ela parece desnecessária e forçada ao extremo, e na última, a Viúva, que precisa derrubar um Justiceiro fora de controle, não utiliza recursos óbvios como o seu ferrão (pulseira que emite uma potente rajada elétrica).
Se a Marvel manda nos cinemas e a DC Comics tenta encontrar um rumo, o oposto parece acontecer nas animações.
“Vingadores Confidencial” tinha potencial, mas com premissa, motivações e decisões incoerentes, simplesmente não funciona.
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Fernando Fontana é escritor e adulto amador, autor do livro “Deus, o Diabo e os Super-heróis no País da Corrupção” e da Graphic Novel “O Triste Destino da Namorada do Ultra-Homem”, é também colaborador do Canal Metalinguagem, onde escreve sobre quadrinhos e filmes antigos.
2 Comments
A surra que a Marvel dá na DC nos cinemas, é a mesma surra que ela toma da DC nas animações.
Melhor resumo, impossível.